terça-feira, 7 de junho de 2011

E a mamãe???

Desde que Dudu nasceu me peguei fazendo essa pergunta diversas vezes porque a maternidade é algo muito louco. Quando você recebe aquele tão sonhado positivo que te faz a mulher mais feliz do mundo você passa a ser o centro, o bibelô... e aí começam as coisas positivas: carinhos, cuidados, comemorações, regalias e poucas coisas negativas como as criticas à sua calça jenas apertada ou ao seu salto alto.

Mas o lance é que estar grávida é se sentir a tal com trocentos quilos a mais; é ter a felicidade de sentir o seu filho mexer dentro de você, mas ao mesmo tempo se cobrar do que você está comendo, temer não voltar ao peso inicial, resumindo você beira a loucura com essa mistura de felicidade, insegurança, novidades... é viver cada dia com uma intensidade como se você pulasse de um avião cada dia que acorda: é decorar o quarto, escolher o nome, comprar roupinhas, escutar o coração nas ultras, acompanhar o crescimento da barriga, imaginar o rostinho e isso tudo ao mesmo tempo que nos dá muita força, nos faz ter medo de descer três degraus do ônibus... isso é louco né...rsrsrsrs

E daí que passei 9 meses com Dudu aqui dentro, lendo tudo e mais um pouco sobre bebês, procurando saber táticas, tratamentos, receitas, tudo que eu pudesse aprender para facilitar uma nova vida que viria pela frente. E detalhe que nós conhecemos várias mães que nos contam da magia da maternidade, mas ninguém nunca parou para me contar que ficaria depressiva, que teria medo de tudo, que meu filho choraria por noites e noites, que ele poderia ter refluxo, cólica e fome ao mesmo tempo. E a verdade é que valeu muito a pena tudo que li, mas a prática, ou melhor viver intensamente cada segundo da maternidade foi bem menos glamuroso do que costumam pintar.

Claro que é indescritível você ver seu tão sonhado filho pela primeira vez, o primeiro banho, o sorriso, o olhar, a mãozinha no seu seio... é tudo muito gratificante e emocionante. Mas diante de noites em claro, amamentação, curativos, sorrisos, trocas de fralda e tantas descobertas existiu uma mãe que me preocupou, me decepcionou e me orgulhou...


Quando colocaram o Dudu no meu peito na sala de parto eu só sabia perguntar se ele estava bem; quando fui para o quarto fiquei vagando entre as visitas felizes com o nascimento do meu filho, as enfermeiras pressionando para que eu amamentasse e aquela pessoinha dentro do carrinho da maternidade. No primeiro dia eu olhava o Dudu e ficava apavorada me perguntando o que eu faria dali em diante... tive medo de não saber fazer nada e me senti cansada, tanto que no primeiro dia o meu marido que trocou fraldas e trazia ele para mamar outra coisa que me aterrorizou, mas é assunto para outro post. E depois desse "dia" a noite foi em claro com Dudu aos gritos e não sabíamos o que fazer com aquela "criaturinha berrante".

No segundo dia eu caminhei, prendi o cabelo, me interessei mais pelo bebê e com certeza foi a melhor noite de toda a minha vida... lembro como se fosse hoje o marido apagado de sono e eu simplesmente virei a noite "babando", pois coloquei o Dudu para dormir no meu peito e ele apagou a noite toda e eu ao invés de dormir fiquei admirando aquele serzinho tão pequeno mas que já me dizia tanta coisa. E aí fiquei feliz e mais segura para voltar para casa com o nosso mais novo membro...

... Mas não foi nada disso... caí, tombei... me sentia num abismo. Não queria nada, não conseguia dormir porque tinha medo do Dudu precisar de mim, não tinha vontade de nada nem de comer, nem de tomar banho... passava as noites em claro e aos prantos e com muita vergonha do que eu estava sentindo. Tinha medo de não conseguir cuidar do meu filho, de perder meu marido, de tudo e mais um pouco... mas por amor à minha família e com muit medo do meu leite secar confessei, abri meu coração ao meu marido, à minha família... dizia tudo que eu sentia, pois o meu maior medo era que isso não passasse nunca, mas passou. Depois de anoitecer e amanhecer chorando por uns 15 dias o baby blues viu que eu sou mais forte e que meu filho precisava demais de mim e se mandou.
E como meu filho precisou de mim e do meu marido, foram quase dois meses de crises de choro que começavam por volta das 20 hs e iam até o meio da madrugada. Depois de várias tentativas percebemos que Dudu só dormir deitado no meu peito e isso apesar de prazeroso me cansava demais. Eu e o marido chegamos a um ponto de estarmos super irritados simplesmente pela falta da nossa noite bem dormida... e depois de tratamentos para refluxo, cólica, gases, descobrimos que o filhote tinha era fome e depois da sua primeira dose de LA ele dormiu por uma noite inteira (outra coisa que nenhuma mãe me contou). Aí o medo voltou, medo do abandono do leite materno, mas meu filho foi porreta e mesmo com a mamadeira delícia não abriu mão do mamá da mamãe...rs
As coisas se acalmaram, passamos a dormir melhor e eu passei a ter mais confiança em mim. E os dias foram passando, e eu posso garantir que esses 5 meses e 15 dias que fiquei de licença, foi de licença mesmo, licença do mundo... meu mundo passou a se chamar Dudu. Abri mão de escova, gloss, salto alto e adereços e passei a ser a cantora de cantigas, fã da galinha pintadinha, dançarina da casa do mickey mouse e conhecedora da programação da discovery kids. Mudei, ou melhor, adicionei... porque a Denise mulher vaidosa, trabalhadora e exigente consigo e com a casa apenas repousou... mas que foi muito engraçado me pegar de calça jeans e tênis cantando parabéns pra você em plena emergência para que meu filho não chorasse na hora da nebulização me surpreendeu e me deu a certeza que ser mãe e se reinventar.
E veio a adaptação na creche, como eu esperava foi pior para mamãe aqui que chorei praticamente as 6 horas do primeiro dia... e veio o primeiro resfriado forte de mãos dadas com o fim da licença maternidade... parecia que o céu ia desabar e doeu demais deixar meu filho para voltar ao trabalho. Até hoje, as tardes de domingo são de aperto no peito e os dias da semana de pura afobação... ainda estamos nos adaptando, mas sei que conseguiremos. Não é fácil acordar às 5h30 da manhã nesse frio, tomar banho, se arrumar na penumbra e sem espelho (pausa: Dudu está dormindo no nosso quarto por causa da gripe), trabalhar contando as horas de apertar meu filhote e chegar em casa cansada... chego correndo para tirar a roupa e a maquiagem, preparo mingau e o filhote se delicia, brincamos bastante e assistimos desenho, mas mesmo com muita saudade e curtindo demais aquele momento já fico organizando a minha mente para o terceiro tempo que se resume em: comer algo, arrumar as coisas do Dudu para a creche no dia seguinte, deixar as mamadeiras lavadas, separar minha roupa, acessórios e bolsa para o dia seguinte, dar um "jeitinho" na casa, tomar um banho quente e cair na cama.
Nos primeiros dias de volta ao trabalho achei que fosse morrer (e quase morri) de saudade, de culpa, de excesso de responsabilidade e até hoje me sinto muito cansada, minha mente não para, pois vivo o presente pensando em agilizar o futuro para que tudo dê certo e que não falte carinho, atenção, estrutura familiar ou sequer uma roupinha lavada e passada no dia do meu filho. E mesmo com dor no coração, muita culpa e vivendo nessa cobrança me sinto bem e acho que foi essencial voltar ao trabalho. Hoje me sinto uma mãe mais presente mesmo que seja nas poucas horas que passo com meu filho, voltei a ser a Denise vaidosa com minhas argolas e saltos e estou menos ranzinza com a casa e o marido...rsrsrsrs.
E pensando bem acho que o próprio Dudu está gostando mais dessa fase, pois aculpa da ausência me fez ficar mais brincalhona ainda e querendo curtir ainda mais cada segundo ao lado do meu filho. Testemunhei algumas amigas que deixaram o trabalho para cuidar dos filhos e confesso que senti uma pontinha de inveja, mas também acompanhei o sofrimento de amigas que precisaram retornar ao trabalho e que superaram essa fase e hoje meu depoimento foi para mostrar que mesmo diante de um sofrimento podemos nos fortalecer e sermos pessoas melhores. E detalher, hoje tb posso dizer que estou trabalhando direitinho porque nos primeiros dias eu só enrolei e chorei...rsrsrs

Beijos!!!

4 comentários:

  1. De vc se resumiu, me resumiu, resumiu todas as mães...
    No começo tb sentia vergonha de mim, dos sentimentos q eu tinha.
    Mas hj o turbilhao ta passando. Nao posso dizer q passou 100% pq a Anna ainda nao dorme uma noite inteira, ainda chora de madrugada, eu ainda choro com ela no colo sem saber o q fazer, porem hj, to mais segura das escolhas q eu faço e das coisas q eu falo por ela e com ela!
    Ng tb me contou das coisas nada glamurosas, isso desde a gravidez, mas eu tb nao conto a ng não De. Deixe q as mamaes frescas descubram por si só as dores e as delicias q a maternidade nos traz. As vezes dou uma reclamadinha aqui e ali, assuto minha irmã, hj gravida de 18 semanas, mas sempre lembro ela q cada bebe é um, e q a Anna é assim, mas a Maria Fernanda nao sera!
    Acho q uma das principais mudanças é essa. Descobrir. A gente se descobre mesmo, se reinventa, se odeia! Mas o tempo, Ah o tempo...esse é nosso aliado em tudo.
    Hj dou graças a Deus q o tempo passou.
    Nao q eu nao amasse ter um RN em casa, mas eu prefiro a fase q ela e o Dudu estao hj!
    Tudo um pouco mais facil...um pouco! rs

    De...vc é uma linda, pessoa q admiro demais, entendo, confio e quero pra sempre no meu hall de amigas!

    Bjos enormes em vcs 3!

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  2. Eu nunc acreditei na maternidade instantânea. Acho que ser mãe é um proceso que nos molda dia após dia. No começo os sentimentos se fundem e se confundem. A gente se perde pra depois se encontrar. Dá vergonha admitir que se está cansada e que o choro às 3:00 da manhã nos irrita. Mas Deus é sábio e o tempo é amigo... as coisas se ajeitam, tudo fica mais fácil.
    Não são só os filhos que crescem. A gente "cresce" junto!

    Beijos

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  3. Nossa, simplesmente amei seu depoimento! São coisas assim que deixam o pouco o meu medo de ser mãe pra lá e começam a me dar coragem! Pq a gente sabe que nem sempre vai ser lindo e quando não for bonito, pode ser bem complexo, mas a maternidade tem dessas coisas de altos e baixos, acredito que para um bem maior que é a formação de 2 seres: um novo que precisa ser cuidado, ensinado e amado e outro, a mãe, que vai crescendo, amadurecendo e aparecendo junto com esse novo ser! Fiquei impressionada, mas ao mesmo tempo feliz! Obrigada por dividir isso com a gente! OBS: A sra está linda, viu? Meu pai tinha toda razão em dizer que nem parece que teve filho ontem! Hahahahaha!

    Preciso te ver logo, amiga!

    beijos

    Julie

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  4. Nossa Dê, esse foi o depoimento mais sincero que eu já li!
    Não sou mãe e nem pretendo tão cedo, mas relatos como o seu me inspiram porque vc mostra que nem tudo são flores, que filhos são uma benção mas dão trabalho sim, mas que não há recompensa melhor do que aquele sorriso banguela rs...
    E ahhhh preciso comentar que a cada dia que passa, você esta ainda mais linda!!
    beijos em vocês ;)

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